Durante a “barqueata” que integra a programação da Cúpula dos Povos, evento paralelo à 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), o cacique Raoni Metuktire voltou a defender a preservação da Amazônia e criticou projetos de exploração de petróleo e mineração em terras indígenas.
Aos 93 anos, o lendário Cacique Raoni Metuktire segue firme na luta pela Amazônia. Assim, o líder indígena afirmou ter tratado do tema recentemente com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com o francês Emmanuel Macron, pedindo que ambos “não autorizem perfurações na floresta”.
Durante a COP30, em Belém, ele fez duras críticas aos projetos de infraestrutura defendidos pelo governo, afirmando que representam uma ameaça direta à floresta, aos povos indígenas e à própria humanidade.
“Esses projetos destroem rios e terras e estão continuando, eu não estou gostando. Eu já tinha falado que haveria muitas consequências ruins para nós”, disse Raoni, com tradução de seu neto.
“Vai ser muito ruim para nós. E para vocês também. Vocês mesmos estão trazendo as consequências para vocês mesmos. A destruição continua fazendo com que a floresta não tenha vida.”
Entre os projetos citados, estão a perfuração de petróleo na foz do rio Amazonas, o asfaltamento da BR-319 e a construção de hidrovias. Nenhum deles, segundo o cacique, trará benefícios reais às populações amazônicas — apenas mais desmatamento e destruição.
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Demarcação das terras indígenas
Raoni também cobrou o governo Lula pela demora na demarcação das terras indígenas:
“Eu disse ao Lula que era preciso demarcar as terras, para que meu povo tenha suas terras por direito. Fiquei feliz com algumas demarcações, mas ainda é pouco. A demarcação é fundamental para a proteção da floresta.”
O cacique lembrou que já alertava o mundo desde a Rio-92, conferência que deu origem às COPs climáticas, mas lamenta que a mensagem não tenha sido ouvida:
“Quando fui à Rio-92, falei que nossa floresta precisava ser mantida em pé. E mesmo assim continuaram destruindo tudo.”
Em sua fala, Raoni fez um apelo direto aos não indígenas: “Vocês precisam pensar nos seus filhos e netos, para que a floresta possa viver e continuar dando vida às próximas gerações.”
Ao ser questionado sobre o papel do Brasil diante da crise climática, Raoni disse que o país tem responsabilidade global e que a Amazônia é essencial para o mundo. Ele pediu para que todos os povos e as nações ajam com consciência e respeito à floresta.
“Precisamos cuidar do planeta. Se continuar o desmatamento, nossos filhos e netos vão ter problemas sérios. O nosso território garante a respiração do mundo inteiro”, disse Raoni.
Aos 93 anos, sua voz segue como um símbolo de resistência e sabedoria. Um lembrete poderoso de que sem floresta, não há futuro.
Fontes: Florestal Brasil e Agência Brasil
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil





