Texto por Jucelene Oliveira
Quando lançamos a pesquisa sobre a morte de pessoas queridas em 31/05, o número total de mortes no Brasil protagonizadas pelo novo coronavírus já ultrapassava 465 mil pessoas. Hoje, 30/06, o país já registra mais de 518 mil óbitos desde o início da pandemia. Os dados foram obtidos pelo consórcio de veículos de imprensa junto às secretarias estaduais de saúde.
E como temos acompanhado todos os dias, são muitas vidas perdidas e muitas famílias sofrendo esse luto tão terrível a cada dia.
Apesar de todas as dificuldades, incertezas e temores que vivenciamos em 2020 e durante este primeiro semestre de 2021, o Movieco – Movimento Ecológico não parou nem por um instante de realizar seu incansável trabalho (ou missão) junto à comunidade de Barueri.
Pensando nesse momento tão difícil, elaboramos uma pesquisa como objetivo de saber como esse luto foi ou tem sido vivido por cada família.
A pesquisa foi aplicada entre os dias 01 e 20 de junho e contou com a participação de 22 pessoas – enlutadas, que perderam pessoas próximas que amavam e que ainda vivem essa dor tão acentuada da separação.
Vamos aos resultados e depoimentos?
Das 22 pessoas que responderam:
- 77,1% são moradores de Barueri
- 9,1% são moradores de Jandira
- 4,5% são moradores de Cotia
- E novamente 4,5% são moradores de São Paulo
Quando perguntamos sobre a perda de alguém próximo, parente ou amigo:
- 54,5% disseram que TIVERAM parentes ou amigos infectados pela doença, mas foram que foram CURADOS
- 45,5% disseram que PERDERAM amigo ou amiga infectados pela doença
- Novamente 45,5% disseram que NÃO PERDERAM ninguém próximo
- 13,6% declararam que foram infectados pela doença
- Novamente 13,6% PERDERAM a tia ou tio infectados pela doença
- 4,5% PERDERAM a avó ou avô, primo ou prima e também a mãe para a doença
Perguntamos aos participantes se eles fizeram uso de alguma prática integrativa e complementar ou terapia comunitária para lidar com esse processo de luto:
- 72,7% disseram que fizeram Reiki e que ele ajudou muito
- 45,5% disseram que fizeram Ayurveda e que ajudou muito
- 18,2% disseram que o Yoga ajudou muito
- Novamente 18,2% disseram fazer uso das terapias comunitárias online (Farmácia Viva ou Vivência Integrativa)
- Novamente 18,2% disseram não ter feito uso das terapias comunitárias online (Farmácia Viva ou Vivência Integrativa)
- 13,6% disseram que a Fitoterapia ajudou muito
- Novamente 13,6% disseram que a Aromaterapia ajudou muito
- Novamente 13,6% disseram que fez uso de outras práticas integrativas e complementares
Também perguntamos se o trabalho realizado pelo Movieco ao longo de 2020, ainda que apenas online em alguns momentos, ajudou de alguma forma neste processo de lidar com o luto:
- 63,6% disseram que o Reiki ajudou muito
- 36,4% disseram que o Ayurveda ajudou muito
- 22,7% disseram ter feito uso de outras práticas integrativas e complementares
- 18,2% disseram que o Yoga ajudou muito
- 13,6% disseram que a Aromaterapia ajudou muito
- 4,5% disseram que a Fitoterapia ajudou muito
- Novamente 4,5% disseram que a Constelação Familiar ajudou muito
Também perguntamos há quanto tempo os participantes conhecem ou utilizam os serviços do Movieco e no que a ONG tem auxiliado.
Caroline Rigotti de Brito, Analista Financeiro e moradora de Barueri destacou:
“Conheço o trabalho da ONG há cerca de 2 meses. Passei com a Ethel no Reiki e com a Gabi no Ayurveda e tem sido gratificante poder me conhecer e me cuidar através delas, como instrumentos para minha autocura. Recomendo e sou muito grata pela oportunidade’, disse.
Sonia Aparecida de Souza Bruno, de 56 anos, Pedagoga Aposentada e também moradora de Barueri, disse que conhece o Movieco há um ano e meio.
“A ONG trouxe um ritmo mais tranquilo, cada coisa de uma vez, além da melhora física iniciada com acupuntura auricular, seguido da Ayurveda. Muito bom!”, destacou.
Sobre como lidar com o luto
Andréia Toda, de 40 anos, Analista de Recursos Humanos BP e Instrutora de Hatha Raja Yoga, perdeu quatro pessoas próximas para a Covid-19. Ela disse que duas delas já tinham problemas de saúde. Também compartilha como lidou ou tem lidado com o luto.
“A princípio sempre é um choque receber a notícia sobre a perda de alguém. De forma repentina, sem poder dar apoio em um momento tão difícil e delicado em que o enfermo se encontra, sozinho em um hospital. Triste, me senti muito triste”.
Sobre o apoio do Movieco, ela destaca:
“O trabalho realizado pelo Movieco, por meio das práticas integrativas e complementares, me ajudou na superação de alguns momentos, ser ouvida e poder compartilhar meus relatos no Reiki”.
Ione Muciano, de 55 anos, Funcionária Pública e moradora de Jandira, disse que conhece o trabalho do Movieco há 3 anos. “Já realizei cursos e tratamento familiar”.
Na pesquisa ela destacou a perda de sua mãe, de 79 anos, que possuía Alzheimer. Ela também compartilhou que “sentiu muita dor e ainda hoje não consegue chorar”. Destacou que não fez uso de nenhuma prática integrativa e complementar, mas que gostaria de fazer.
Gabriela Cristina Raggi, de 32 anos, Terapeuta Ayurveda e Fisioterapeuta, moradora de Cotia, destacou que “uma sessão de Reiki a distância a tranquilizou no dia do enterro de sua madrinha”.
Ela também compartilhou sobre a importância de se viver o luto.
“Viva a sua dor, aceite-a. Ao observar sem julgamento ela se desfaz com mais facilidade. E não deixe de agradecer por quem ainda está aqui, por sua existência, sua saúde, os bons momentos do passado. E sonhe com dias melhores. Mantenha acesa a chama da fé”.
Sabrina Frazão Vieira, de 31 anos, Analista Administrativo de Planejamento Jr, também moradora de Barueri, disse que perdeu tio, avô e amigos para a doença, além de ter tido parentes ou amigos que tiveram a doença, e foram curados.
Sobre o processo de lidar com estas perdas, ela destacou:
“Toda perda é difícil, ainda mais nessa fase de não poder estar perto, não poder abraçar, tio/avó não eram de sangue e sim de consideração, mas a dor é a mesma para qualquer pessoa, tudo que está acontecendo é realmente muito triste”.
Ela destacou que o Reiki sempre a ajudou em qualquer situação. Ela incentiva as pessoas que estão lidando com o luto:
“Sugiro que elas se apeguem a Deus para confortar o coração, dar entendimento e que creiam que não existe apenas essa vida. ‘Na casa de meu pai há muitas moradas’. O corpo físico se vai, mas a alma é eterna!”
Daniela Rocha Sousa, de 41 anos, esteticista animal de pet shop, também moradora de Barueri, destaca não “ter perdido ninguém próximo para a Covid-19”, mas que, desde janeiro de 2020 o trabalho do Movieco tem ajudado a equilibrar seu corpo, mente e emoções.
Ela diz que “É complicado saber que tanta gente está partindo por causa desse vírus”. Destaca que “As práticas me ajudaram com a fase do isolamento, pois fiquei alguns meses sem trabalhar, preocupada, ansiosa. As PICs me ajudaram a ter equilíbrio emocional”.
Além disso, sobre o luto, ela compartilha: “O que não podemos mudar deixa algum aprendizado, tudo vai passar”.
Homenagem do Movieco para dona Hilda, aluna de Yoga do Projeto Ecologia do Ser
Em conversa com dona Altair Concórdia da Silva, 80, amiga há mais 10 anos de dona Hilda Martins (vítima de Covid-19 em maio passado, aos 70 anos), foi possível conhecer um pouco do carinho e amizade que ela nutria por sua parceira de yoga no Movieco.
“Ela era como irmã que eu não tive. Fazíamos Yoga juntas há mais de um ano, mas nossa amizade já passava de 10 anos. Desde que ela se mudou para Barueri”, relembra.
Dona Altair descreve que a amiga passou mal, foi internada, entubada e ficou cerca de 8 dias no Hospital Municipal de Barueri antes de falecer.
“Ela deixou o marido, dois filhos, Paula e Rogério, e três netos. Eu, inclusive, batizei uma das neta dela. Ela era dona de casa. Gostava de cuidar das coisas. Era um pouco tímida, dependendo do ambiente onde estava, era mais falante. Nós frequentávamos a Igreja católica Nossa Senhora da Escada e também gostávamos dos louvores da Igreja do Operário. Sinto muito a falta da amizade dela”, compartilha.
Para Tânia Mara, Coordenadora de Projetos do Movieco, foi uma perda irreparável.
“O marido dela, Sr José Benedito, nos disse que ela faleceu de Covid. Todos do Movieco ficaram sentidos com esta perda, pois ela era muito assídua no Yoga. Fazia todos os dias. Era uma querida por todos nós. Ficamos tristes, chocados. Eu, particularmente, entendo que ela está em outro plano. Desde que o projeto começou, sempre foi muito participante. E ela e dona Altair estavam sempre juntinhas. Duas lindas por quem temos muito carinho”.
Contem com o Movieco
O Movieco agradece a todos os participantes que responderam a Pesquisa sobre o Luto e se coloca à disposição para auxiliar no que for necessário.
Por meio do Projeto Ecologia do Ser, que trabalha com 2 vertentes específicas (Atendimento Social / Educação para Saúde e Comunicação para Difusão e Educação para Saúde), o Movieco realizou e segue realizando uma série de atividades, oficinas, atendimentos, cursos online e assistência presencial a sociedade.
Para saber mais sobre o Projeto, acesse aqui.