Modelo atual de produção de alimentos esgota o Planeta, aponta Relatório Científico

Um novo relatório científico publicado pela revista The Lancet, elaborado pela Comissão EAT-Lancet com pesquisadores de mais de 35 países, traz dados alarmantes sobre o impacto dos sistemas alimentares no planeta e na sociedade.

Segundo o documento, o modelo atual de produção e consumo de alimentos é a principal causa da violação de cinco das nove fronteiras planetárias essenciais para a estabilidade da Terra, além de responder por 30% das emissões globais de gases do efeito estufa.

O estudo revela, ainda, que os 30% mais ricos do mundo são responsáveis por mais de 70% dos danos ambientais causados pela alimentação, enquanto menos de 1% da população global vive em um “espaço seguro e justo”, condição que assegura necessidades nutricionais e direitos sem esgotar os recursos naturais. Curiosamente, apesar do planeta produzir calorias suficientes, mais de 1 bilhão de pessoas ainda passam fome.

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Mudança global nos hábitos alimentares

A Comissão destaca que uma mudança global nos hábitos alimentares poderia evitar até 15 milhões de mortes prematuras por ano. Para isso, apresenta a Dieta da Saúde Planetária, que prioriza alimentos integrais, in natura ou minimamente processados, com foco no aumento do consumo de frutas, verduras, nozes, legumes e grãos integrais, e a redução do consumo excessivo de carne, laticínios, açúcares e alimentos ultraprocessados.

Além disso, o relatório traz um plano de ação com oito soluções concretas para transformar os sistemas alimentares e reduzir em mais da metade as emissões do setor, como valorizar dietas tradicionais, tornar alimentos saudáveis mais acessíveis, adotar práticas agrícolas sustentáveis, frear a destruição de ecossistemas, combater o desperdício, garantir trabalho digno e dar voz aos trabalhadores do setor.

O relatório também enfatiza a necessidade de distribuir recursos, benefícios e custos de forma mais justa, garantindo direitos humanos, segurança alimentar e um ambiente saudável para todos. Para que essa transformação ocorra, o documento reforça a importância da colaboração entre governos, empresas e sociedade civil, com planos nacionais e regionais, financiamento adequado e ações coordenadas.

Em resumo, a pesquisa mostra que é possível alimentar cerca de 9,6 bilhões de pessoas de forma nutritiva e sustentável até 2050, mas é fundamental mudar a cadeia produtiva e os hábitos alimentares para garantir um futuro seguro, equilibrado e justo para o planeta e para toda a população.

Fonte: Jornal USP

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