Por Redação
Todo mundo, em algum momento da vida, já recorreu àquela receitinha caseira da vovó. Ela parece sempre ter uma plantinha à altura da mão, no canteiro do quintal de casa, para “curar” diversas “doenças”. Quando não é a avó, é a própria mãe que conhece todos os meios naturais para amenizar uma dor de cabeça, resfriado, cólicas, dor estomacal, entre outras doenças ou mal-estar.
Seja um chá ou xarope, essas receitas estão presentes na nossa rotina desde muito cedo. O que muitos não imaginam é que estas práticas naturais têm nome. Podemos nomear o famoso canteiro da avó como Farmácia Viva, e o uso das plantas medicinais cultivadas nele de Fitoterapia.
A fitoterapia está presente no cotidiano de inúmeras culturas desde a antiguidade – justamente para o tratamento e prevenção de doenças.
Vamos entender abaixo um pouco mais sobre a Farmácia Viva e como cultivá-la corretamente (para melhor usufruir de seus benefícios), além de também saber mais sobre Fitoterapia e algumas de suas aplicações.
O que é Fitoterapia?
O termo fitoterapia é utilizado para se referir a utilização de plantas com características medicinais para o tratamento, prevenção e cuidados paliativos de enfermidades, sendo considerada uma técnica terapêutica.
Assim, todo produto farmacêutico a base de planta, sendo ele em extrato, cápsula, tintura ou pomada com efeito farmacológico é considerado um medicamento fitoterápico. Os fitoterápicos são produtos obtidos exclusivamente de matéria prima ativa vegetal.
– Fito: Phytos (Grego): Plantas.
– Terapia: no dicionário médico a definição é “parte da medicina que pesquisa e põe em prática os meios adequados para curar as doenças e atenuar as dores”.
O que são esses meios adequados? São critérios para uma melhor utilização, para evitar a perda e efeitos colaterais, além de intoxicações.
Dentre esses critérios podemos destacar:
– Como, onde cultivar:
Como: de forma orgânica, sem o uso de agrotóxicos e inseticidas.
Onde: cada planta precisa de um substrato e clima específico.
– Melhor momento de colheita:
As plantas possuem quantidades diferentes de princípios ativos em épocas diferentes.
– Como secar:
Quando necessitarem de secagem.
– Armazenagem;
– Modo de armazenagem:
No caso das secas, sempre em locais secos e em sacos de papel pardo e revestido por um plástico.
– Extração;
– Doses e tempo de uso;
– Interações, etc.
O que é uma planta medicinal?
De acordo com a definição da OMS (Organização Mundial da Saúde) planta medicinal é todo vegetal que possui substâncias com finalidade terapêutica.
Essas substâncias estão contidas dentro das células vegetais, que possuem muitas semelhanças com as células animais, entretanto, as células vegetais dispõem de paredes celulósicas, responsáveis por dar sustentação ao corpo das plantas. Logo, para ter acesso a tais substâncias é necessário romper a célula ou extraí-las de dentro da célula. Assim, entram em cena os métodos de extração.
Como extrair substâncias?
Vejamos alguns métodos de extração:
– Extração aquosa (água);
– Maceração a frio ou a quente;
– Infusão;
– Decocção;
– Tisana;
– Extrato Aquoso.
– Extração alcoólica (álcool e derivados);
– Extração oleosa (comestível ou massagem);
– Extração melífica (Mel e açúcares);
– Extração glicólica (Propileno Glicol);
– Extração glicerinada (Glicerina).
Assim, os processos extrativos são:
– Formas de extrair as substâncias contidas nas plantas;
– São processos necessários para obter o efeito medicinal;
– E são formas diferentes para maximizar os efeitos.
Plantas medicinais e suas funções
Conhecer as aplicabilidades específicas de cada planta pode ser muito útil no nosso dia-a-dia. Seja para curar uma doença ou para aliviar uma dor, ou ainda, para aderir a um estilo de vida mais saudável, diminuindo a frequência do uso de medicamentos químicos.
Dessa forma, listamos algumas plantas medicinais e suas aplicações diversas.
Plantas e as vias respiratórias:
– Erva-doce (Pinpinella Anisum);
– Tomilho (Thymus Vulgaris);
– Cidreira-de-arbusto (Lippia Alba);
– Tanchagem (Plantago Major/Minor);
– Embaúba (Cecropia Hololeuca);
– Abacaxi (Ananas Comosus);
– Eucalipto (Eucalyptus Globulus).
Existem diversas formas de uso. Abaixo deixamos algumas sugestões:
Fazer Inalação
– A inalação com vapor quente;
– Usar plantas aromáticas como o Eucalipto;
– Eucalipto Globulus é: expectorante, antisséptico, anti inflamatório, broncodilatador e imunoestimulante.
Fazer um Xarope
– O Abacaxi possui Bromelina, que é expectorante e broncodilatadora;
– Abacaxi em cubos, e em especial o talo central;
– Usar Própolis para ajudar a conservar e auxiliar a ação medicinal;
– Tomar em colheradas durante o dia.
Infusão
– Usar uma garrafa térmica;
– Uma colher da erva para uma xícara de água fervente;
– Deixar em Maceração por 15 minutos;
– Coar e tomar num período máximo de 6 horas.
Sugestão de erva: Erva-doce com tomilho.
*Adultos devem tomar de 3 a 5 xícaras de chá por dia, para evitar intoxicações.
* Crianças entre 1 e 2 anos devem tomar em colheradas, e a partir dos 3 anos ¹/4 de xícara, de 2 a 3 vezes por dia.
Plantas e o sistema nervoso
Existe uma séries de plantas que atuam no sistema nervoso, em especial nas áreas relacionada à depressão e ansiedade, porém existem diferenças nas ações dessas plantas no sistema nervoso. Por exemplo, o Mulungu tem efeitos calmantes que agem no GABA*, logo, oferecer o chá desta planta a um depressivo geraria o efeito contrário do desejado, desestimulando-o ainda mais.
Plantas com ações na enzima MAO*, que age quebrando a dopamina e a serotonina, seriam o ideal, pois inibem a ação desta enzima, tendo assim um efeito estimulante.
GABA* Ácido Gama AminoButírico. Ele inibe a sinalização rápida do SN. As substâncias que agem sobre o GABA ou aumentam a função GABAérgica produzem ansiólise (sedação) no SN.
MAO* MonoAmina Oxidase é uma enzima que quebra os neurotransmissores: serotonina, dopamina, adrenalina e noradrenalina (entre outros).
Plantas que atuam no MAO
– Erva-de-São João (Hypericum Perfiratum);
– Alfavaca-cravo (Ocimum Gratissimum);
– Manjericão-sagrado (Ocimum Sanctum);
– Tomilho (Thymus Vulgaris).
Plantas que agem no GABA
– Mulungu (Erythrina Mulungu);
– Mulungu (Erythrina Spiciosa);
– Bico-de-Papagaio (Erythrina Falcata);
– Erva Cidreira (Melissa Officinalis);
– Capim-cidreira-brasileiro (Elionurus Muticus);
– Kava-kava (Piper Methysticum);
– Colônia (Alpinia Zerumbet);
– Lavanda (Lavandula Officinalis).
A Fitoterapia é uma prática integrativa e complementar que está presente no mundo há muito tempo, porém, apenas quando fazemos um estudo detalhado sobre ela, conseguimos ver as inúmeras vantagens que essa prática pode trazer à nossa saúde, tanto física, quanto mentalmente falando.
Esta Terapia Natural traz, também, à nossa memória os ensinamentos dos nossos pais e avós, gerando um apego emocional prazeroso durante o cultivo de uma Farmácia Viva.
Entretanto, é importante ressaltar que as plantas medicinais possuem toxicidade, por isso, devem ser usadas com conhecimento. O uso da Fitoterapia também não substitui o tratamento médico caso o indivíduo possua um quadro clínico mais grave que necessite de atendimento ou tratamento regular. Tenha em mente, ao aderir essa prática, que as plantas medicinais não curam tudo.
Acima de tudo devemos ter responsabilidade com as nossas vidas e com a do próximo, para que as Terapias Naturais tragam apenas efeitos positivos.
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