Com o agravamento da crise climática e o aumento de eventos extremos, a educação em saúde ambiental tem se tornado cada vez mais relevante no mundo. O professor Tadeu Malheiros, da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, destaca que o conceito de “saúde única” — integrando saúde humana, animal e ambiental — ganhou força recentemente, pois tornou-se fundamental compreender e enfrentar os desafios globais de modo integrado.
Embora já se conhecesse a relação entre saúde e meio ambiente, os programas acadêmicos — como os de pós-graduação da USP — só agora passaram a aplicar essa abordagem sistêmica com maior intensidade.
Um dos grandes desafios apontados por Malheiros é a dificuldade de unir profissionais de áreas diferentes, cada um com sua própria formação e métodos de trabalho. A necessidade de integração se torna ainda mais urgente diante de questões como pandemias, guerras, movimentos migratórios e o avanço das fake news, que afetam ricos e pobres de formas diversas.
O impacto, porém, é mais forte sobre as populações excluídas e vulneráveis. Neste cenário, a universidade assume papel crucial ao informar, desmascarar notícias falsas e propor caminhos para enfrentar a crise.
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Problemas de longo prazo
O professor salienta que a resposta a esses problemas deve ser de longo prazo, envolvendo mudanças em leis, políticas públicas, processos e, principalmente, hábitos culturais em nível global. Ele reforça que não se trata de um desafio restrito aos países pobres: até mesmo as nações mais desenvolvidas precisam repensar seus modelos de organização, cidades, zonas rurais e modos de vida para lidar com as mudanças climáticas e suas consequências.
Outro ponto fundamental é fortalecer a ponte entre universidade e escola. Malheiros afirma que é essencial atualizar educadores constantemente, para que novas pesquisas e conhecimentos cheguem de fato até a sala de aula.
O Programa ProfCiAmb, coordenado pela USP, já formou mais de 500 professores em oito anos, promovendo a formação continuada e transformando pesquisas acadêmicas em materiais práticos de ensino. Dessa forma, professores de todo o Brasil podem debater diretamente com seus estudantes temas como mudanças climáticas e saúde ambiental.
Apesar dos avanços, Malheiros alerta para a necessidade de mais investimento e esforços para vencer barreiras culturais e promover uma verdadeira transformação global. Integrar educação, ciência e políticas públicas é fundamental para preparar a sociedade diante dos desafios ambientais do presente e do futuro.
Fonte: Jornal da USP