Agrotóxico atrazina contamina rios do Pantanal e é alvo de ação judicial no MS

Atrazina, agrotóxico associado a câncer, foi encontrado em rios do Pantanal e água da chuva. MPF do MS pede banimento e reparação ambiental.

O Ministério Público Federal do Mato Grosso do Sul (MPF-MS) acionou a Justiça para banir o uso da atrazina, um dos herbicidas mais usados no Brasil. A substância, associada a casos de câncer, foi detectada nos rios Dourados e Paraguai, na Bacia do Alto Paraguai, que inclui o Pantanal. Além disso, a atrazina aparece em água da chuva e em torneiras de comunidades ribeirinhas.

O procurador Marco Antonio Delfino explicou que a persistência da atrazina no meio ambiente é preocupante. A substância foi proibida na Europa entre 2003 e 2004, mas ainda é encontrada mesmo após 20 anos.

Nos Estados Unidos, a contaminação das águas superficiais pela atrazina é monitorada publicamente. A Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (Iarc), da OMS, classificou a atrazina como provavelmente cancerígena.

Pesquisas recentes revelam contaminação crônica por diversos agrotóxicos em Mato Grosso do Sul. Fernanda Savicki, da Fiocruz, destacou que todas as amostras analisadas continham múltiplos agrotóxicos, aumentando o risco tóxico do “coquetel” químico.

Nesse sentido, a presença da atrazina em água da chuva indica que o agrotóxico se espalha por vento e nuvens, contaminando áreas distantes.

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Além dos impactos ambientais, o uso da atrazina reproduz o racismo ambiental, causando danos desproporcionais a populações vulneráveis, incluindo comunidades indígenas em Dourados. O MPF também responsabiliza as fabricantes, importadoras e comercializadoras, exigindo indenização de R$ 300 milhões para recuperação ambiental.

Enquanto alguns órgãos minimizam os riscos, o MPF denuncia a omissão do Ibama, que deveria monitorar essas substâncias, e cobra reavaliação e retirada imediata da atrazina do mercado. A disputa chega até o STF, que debate a constitucionalidade dos incentivos fiscais para agrotóxicos, que alcançaram R$ 21 bilhões no primeiro semestre de 2024.

Para especialistas, o problema exige vontade política para proteger a saúde pública e implementar a agroecologia como política nacional. Isso reduziria riscos de forma sustentável.

Fonte: Brasil de Fato

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