Texto por Priscila Miranda
Mais de 190 países se reuniram para firmar compromisso e debater possíveis soluções para reduzir os impactos e efeitos causados pelas mudanças climáticas.
A 27ª edição da Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas foi realizada entre os dias 6 e 20 de novembro, em Sharm El Sheikh, no Egito; trata-se do maior e mais importante evento relacionado ao clima no planeta.
O encontro reuniu entidades, líderes e representantes dos governos de mais de 190 países que assinaram o Acordo de Paris para manter o compromisso com a redução da poluição e desmatamento.
A COP-27 aconteceu sob um cenário de pressão e muitas expectativas geradas após resultados do relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), divulgado em fevereiro deste ano.
O documento destacou os efeitos das mudanças climáticas no planeta e, de acordo com a ONU, mostrou que os países ainda estão longe de alcançar a meta estabelecida pelo Acordo de Paris.
Foram dias de intensas discussões e negociações, destacando assuntos como a mitigação das mudanças climáticas, sobre os esforços para reduzir ou prevenir a emissão de gases de efeito estufa; a adaptação dos países às consequências climáticas, a fim de proteger sua população; e o financiamento climático que mais uma vez foi o tema principal da conferência.
Após duas semanas de negociação, a COP-27 chegou ao fim com um acordo sobre ‘perdas e danos’ entre os 198 países participantes.
Leia também:
– Vitória dos movimentos ambientalistas: conheça as propostas do novo governo para as pautas ambientais
– Mental, físico, emocional e espiritual. Conheça os benefícios da prática da Yogaterapia
Sobre o acordo
O acordo visa criar um fundo para ajudar os países pobres que sofrem com os desastres do clima. A iniciativa prevê ainda a criação de novos mecanismos de financiamento, voltados aos países em desenvolvimento que são vulneráveis aos efeitos adversos das mudanças climáticas.
Em suma, o novo acordo aprovado reitera a necessidade urgente de um esforço extra para reduzir as emissões globais de gases de efeito estufa e, junto aos países mais ricos e instituições financeiras internacionais fornecer fundos e auxílio técnico voltados às economias emergentes e desse modo, acelerar a transição para energia renovável.
Além disso, reafirma os objetivos de conter o aumento da temperatura média do planeta abaixo de 2°C e limitar o aumento da temperatura a 1,5°C.
Em pronunciamento, o secretário-geral da ONU, António Guterres, destacou que essa edição COP deu um grande passo e um avanço importante em direção à justiça. Guterres afirmou ainda que este é um sinal político muito necessário para reconstruir a confiança quebrada, enfatizando que os esforços em cada etapa do processo terão o apoio do sistema da Organização das Nações Unidas.
De acordo com a ONU, para que seja possível limitar o aumento da temperatura global, é fundamental que o mundo transforme seus sistemas de energia, indústria, transporte, alimentos, agricultura e silvicultura.
Nesse sentido, fica claro que os esforços não serão pequenos e que há urgência para que todas as nações abracem essa causa, visando garantir um futuro para o planeta e as próximas gerações.
Amazônia é tema de destaque durante a COP-27
Durante a COP27, um dos grandes temas de destaque do Brasil foi a importância da Amazônia. Com a participação de governadores de estados da região amazônica falou-se de estratégias para o financiamento internacional no combate às mudanças climáticas na floresta. A conversa foi mediada por meio do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio).
De suma importância, o tema tem chamado ainda mais a atenção por causa do aumento exponencial do desmatamento. Isso representa uma grave ameaça para as florestas da bacia amazônica. E também para o cumprimento dos compromissos assumidos internacionalmente pelo Brasil no combate às mudanças climáticas, o que afeta diretamente a economia e o planeta.
Algumas das principais iniciativas destacadas durante a conferência foram o programa AmazonFACE, cujo foco é entender como as mudanças climáticas afetarão a floresta amazônica, sua biodiversidade e seus serviços ecossistêmicos, e o AdaptaBrasil, que é um sistema de informações e análises sobre Impactos das Mudanças Climáticas.
Outro iniciativa apresentada foi o Hub Amazônia Legal, que visa mostrar ao mundo a importância do combate ao desmatamento e apresentar iniciativas em curso que buscam o desenvolvimento da região, vinculado à preservação de seus recursos e comunidades.
Além disso, no estande oficial do Brasil no evento, iniciativas para monitoramento, mitigação e adaptação da Floresta Amazônica também ganharam notoriedade com a apresentação de novas ferramentas e tecnologias por parte do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI).
Compromisso com as pautas ambientais
O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), marcou presença durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas – COP-27. Em seu discurso, Lula falou sobre temas como produção consciente, desigualdade social, relações internacionais, compromisso com países pobres, o combate à fome, o desmatamento da Amazônia e o aquecimento global.
Ele também reafirmou seu desejo de realizar a 30ª edição da COP no Brasil, precisamente na Amazonia. De acordo com ele, a meta é zerar o desmatamento nos biomas brasileiros até 2030. Para isso, Lula propôs uma aliança mundial de países contra a fome e uma cúpula de países amazônicos.
“Estamos propondo uma aliança mundial pela segurança alimentar, pelo fim da fome e pela redução das desigualdades, com total responsabilidade climática”, afirmou em discurso.
Em outro trecho de seu discurso, o presidente eleito disse que sua volta ao governo também é para cobrar aquilo que foi prometido na COP-15. “É triste, mas esse compromisso não foi nem está sendo cumprido. Não mediremos esforços para zerar o desmatamento e a degradação de nossos biomas até 2030”, destacou.
A participação de Lula nessa edição da conferência sobre o clima reitera o compromisso do novo governo com suas propostas voltadas às pautas ambientais.